quinta-feira, 4 de junho de 2009

De volta para casa

Bem gente! A viagem acabou, um pouco antes do que a gente imaginava e planejava, mas tudo bem! Foi tudo tranquilo, ninguém nos roubou, bateu, matou ou estrupou. Não passamos perrengue, tirando a fome uma vez ou outra na estrada, as pessoas que nos deram carona todas foram gente fina até demais, umas chegaram ao ponto de nos presentear. Prova que ainda existe gente boa nas estradas.
Agora estou na casa de minha mãe em Currais novos, Pedro porvavelmente na casa de sua musa do verão em João Pessoa. E logo de volta pra Mossoró com a velha rotina.

É isso... Pedro não vai mais atualizar essa joça, esperem um livro, umas folhas xerocadas, uns rabiscos que logo vai ser lançado. Tem algumas coisas da viagem no fotolog dele:
http://www.fotolog.com.br/pedromendigo
e fotos no nosso flickr:
http://www.flickr.com/photos/longedocaminho
pra quem quiser dar uma olhada...


Obrigada a todos que nos abrigaram, nos deram carona, nos fizeram sorrir e que de uma forma ou de outra compartilharam essa viagem com a gente! TANKS a todos!

Pedro Sereio e Ingrid



terça-feira, 28 de abril de 2009

Descer Barra de Rolagem

Bragança Paulista - São Paulo
Aracaju, Salvador, Brasília, Goiânia, Campinas, São Paulo, rodovias e espaço sideral tudo resumido em suas respectivas datas.

Descer Barra de Rolagem

domingo, 26 de abril de 2009

Sinais do rádio aos queridos mochileiros cibernéticos.

Bragança Paulista - São Paulo
Comunicado Marciano:

Essas palavras que seguem dedico a todos os amigos que nos têm acompanhado os passos nessas rodovias azul-marinho escuro através dos sinais invisíveis e que nos responde de imediato com mensagens do além que brindam com nosso sorriso.

As duas pernas em ângulo reto com a coxa sobre uma cadeira preta de pernas de metal, ao meu lado uma janela de vidro e a visão de uma porção de eucaliptos com 30 metros amontoadas no sopé da Serra da Cantareira.

Bragança Paulista é o nome dessa fria cidade no interior do estado de São Paulo, 170 mil habitantes e uma Escola de Rock com crianças mal encaminhadas para sempre.

Até chegarmos ao Jardim Elétrico atravessamos o litoral nordestino, cruzamos o estado da Bahia do litoral ao extremo norte passando por todo o desnível social que esse estado comporta, injetamos nossos átomos pelo centro-oeste em um mês de vandalismo e histórias em quadrinhos, passamos velozes pelo estado de Minas Gerais acompanhados de sacoleiros clandestinos, brecamos em Campinas onde muita gentileza e muita tinta nos fez reencontrar os Tiras Satânicos, de vagão a vagão entre homens e baldeações em uma semana frenética e mal educada na grande São Paulo e então cruzamos a Serra da Mantiqueira, conseguimos um arpoador em Bragança Paulista, presenciamos o encontro internacional de desregulados e punks em Campinas com japoneses excêntricos, voltamos a Bragança na buléia do chileno maluco e agora a serviço do rock e da cidadania iluminada.

Muito para fazer e pouco tempo para pensar e menos ainda para vos narrar alguns feitos, então fui forçado por mim a resumir esse diário virtual de bordo. De agora em diante os acontecidos serão contados com menos precisão e aos que gostam de estórias de pessoas falidas a beira do mundo aguardem a versão impressa que pretendo dar luz.

Após quase três meses a deriva decidimos voltar para o lugar de onde partimos e nosso norte é a Linha do Equador.

sexta-feira, 13 de março de 2009

O Caminhão Negro

41° | Dia
A máquina programada para nos acordar às quatro horas e trinta minutos persistiu em sua missão, mas atrasou quinze minutos dedicados a última soneca matutina. De pé, cortamos um mamão e então deixamos nossas palavras de gratidão e despedida na parede da casa Grooves e silenciosamente deixamos aquele lar alegre e agitado. Com muito peso nas costas descemos uma ladeira íngreme até a estação de ônibus onde entramos na condução coletiva que nos levaria até Simões Filho e de alternativo em alternativo, chegamos a Feira de Santana ás oito horas e trinta minutos, mas estávamos no centro da cidade e a Br-116 não era nosso alvo. Plataforma A ou B, poltronas 31 e 32 e então ás nove horas e vinte minutos fizemos nossa última baldeação para chegar a nossa rodovia ponto de partida para os dedos no ar. Cidades e pessoas que jamais havíamos visto e às ultrapassávamos para nosso destino incerto. O ônibus ia para uma cidade chamada Rumo, interior baiano, mas o deixamos no meio do caminho, abandonamos a Br-116 e na entrada da cidade de Argoím à beira da Br-242 sentamos no nosso ponto, e a sorte estava lançada. Apenas com o mapa na mão e nossa teimosa intuição estávamos diante de uma infinita rodovia que nos levaria a lugares também inéditos para nós.

Estávamos próximos ao meio-dia e aquela Br-116 era semideserta, podíamos sentar e comer algumas bolachas entre uma erguida de dedos e outra. Tínhamos em mente chegar até a Chapada Diamantina naquele mesmo dia ou no seguinte, pela metade do dia que já havia passado por nossos olhos a esperança de chegar no mesmo dia estava se esvaindo e já planejávamos o lugar mais adequado para passar aquela noite. A missão mais difícil de nossas vidas sem gota de dúvida. Em quarenta e um dias com os pés no mundo já havíamos engolido mais de mil quilômetros em companhias desconhecidas, ouvindo estórias extraordinárias a cada novo parceiro de estrada e nas próximas vinte e quatro horas teríamos que percorrer alguns outros mil quilômetros e da Chapada Diamantina até o Planalto Central que era o alvo número dois teríamos outros mil e vários quebrados, dessa maneira eram três vezes mais estradas em três ou quatro dias do que tivemos em quarenta e um dias.

A garrafinha de água atingia temperaturas altas, os lábios já tentavam ressecar e lutávamos com batom de cacau. O estômago já falava conosco clamando combustível e lutávamos com rosquinhas e as adversidades do sertão baiano já nos gritavam no ouvido.

Então daquela empoeirada visão de piso azul surge um enorme caminhão negro, um bi-trem, o nosso “Haku”, dali em diante o mundo giraria em um novo sentido. O relógio marcava onze horas e quarenta minutos e com sotaque caipira, Alessandro que carregava sal nos convidou para entrar em sua casa-móvel. Aquelas toneladas de sal estavam vindo de Mossoró, Alessandro havia encontrado uma namorada em Fortaleza e nos disse que quase mensalmente fazia o trecho, Fortaleza, Mossoró, Brasília e São Paulo em seu caminhão negro.

Todas as nossas grandes mochilas cabiam tranqüilamente no interior daquela cabine acolchoada e repleta de travesseiros e cobertores. Rádio amador e som para nossos ouvidos. Tínhamos a certeza de uma longa e admirável jornada até Brasília. A idéia de parar na Chapada Diamantina havia sido deixada de lado graças à pesada sorte preta.

Alessandro era o nome daquele gentil homem que havia nascido em Palmital, interior de São Paulo e lá vivia. Parecia que aquela criatura havia nascido para contar estórias e bem rápido nos sentimos à vontade para dividir com ele alguns de nossos feitos. Contos do que foi vivido, sempre o que deu errado, as estórias desviantes sempre maravilhosas, a vida pelo lado errado como gozo.

A visão era panorâmica e a música não parava de tocar. Nossos olhos atentos, sempre arregalados vislumbrando cada metro daquela enorme serpente que chamam estrada. Quando bocejava e mantinha a boca aberta, se tinha a impressão de estar a engolindo.
Enormes plantações de manga e animais mortos eram sempre vistos, e na minha cabeça sempre vinha o Jesus Cristo dos Animais Atropelados.

O rádio amador vez por outra emitia alguns sons e o nosso parceiro Alessandro se comunicava com aquelas vozes como se as conhecesse, pareciam amigos íntimos, mas eram apenas vozes desconhecidas de rostos desconhecidos, ondas solitárias que se ligavam preenchendo o vazio contido em todas elas.

Quando as ondas de rádio soavam, Alessandro não era mais Alessandro, ele se tornava o “Mal Falado”, cada um daqueles motoristas tinha um apelido, uma espécie de nickname. Digamos que seja o IRC primitivo.

O Mal Falado estaciona o Caminhão Negro em um posto a beira da Chapada Diamantina, parecia querer nos presentear e mesmo que não, de fato aquela parada foi um presente para nós. Suco de Manga sentados à beira daquela gigante elevação coberta de vegetação muito verde. Suco de Manga por conta do Mal Falado

A viagem segue seu rumo, crianças pedintes ao longo da estrada. Elas saíam de um casebre de taipa, a casa era pequena e as crianças eram muitas. Pareciam se multiplicar como ratos, suas faces diziam fome e viviam ali a mercê de algumas pratas que lhes eram atiradas.

À medida que engolia a serpente ou à medida que a estrada era deixada para trás, uma voz martelava minha cabeça dizendo: “Estais se distanciando do litoral”. Sempre me ocorre isso quando me dirijo ao centro-oeste. Não é bom ficar sem praia por muito tempo. Muito menos para um Homem Sereia.

Mais suco de manga à beira da estrada, de longe pude avistar torres altíssimas sobre os montes, Pequeno devia estar lá em cima consertando a rede mundial de Internet. Sempre torres altas me dão essa lembrança. Sempre que a Internet de sua casa parar de funcionar e depois voltar ao seu perfeito funcionamento, agradeça a Pequeno, ele está por trás de toda a rede de comunicação binária.

Mensagens do além me alegram, o pôr do sol nos atingia os olhos e víamos subidas de praticamente 130°, tipo parque de diversões e logo estávamos descendo a Serra da Mangabeira mais traiçoeira da Bahia. O sol não estava mais conosco e vivemos alguns momentos de tensão, o rádio ressoa, os amigos de vozes desconhecidas anunciam que uma das mãos da via estava sendo ocupada por um caminhão quebrado em plena curva e estávamos ainda descendo. Mas o perito Mal Falado com cautela nos livra do susto.

Uma janta muito oleosa de macarrão e vegetais em um posto no meio do nada e depois de alguns outros quilômetros percorridos paramos em um outro posto, dessa vez em uma cidade fantasma, algumas das quais não estava contida no mapa. Jantar na conta na conta do Mal Falado. E foi lá essa cidade fantasma que fechamos nossos olhos de uma da madrugada. Dentro do caminhão, dormimos os três, com conforto digno de pousada de interior. Simples, fofo e rústico.

domingo, 8 de março de 2009

Luzes amarelas de noite escura

Salvador – Bahia
Domingo, 08 de março a quinta-feira, 12 de março
36° ao 40° | Dia
Tirar o corpo do colchão com pressa e passar o tofupiry no pão. Então sob o quente sol baiano em mais ladeiras com o sempre companheiro Túlio. Gravação de guitarra e contra-baixo das novas composições do Lumpen e Mais Treta. Início às dez horas da manhã até as duas horas e trinta e dois minutos com o engenheiro de som, empresário de rock, guitarrista, cantor e simpático Fabiano Buia.

O melhor líquido do universo penetra nossa garganta, água de coco gelada para descermos mais ladeira e encontrar o restante da gangue no Dique Totoró. Dia Internacional da Mulher e uma celebração a essa data estava sendo realizada ao ar livre com uma feira de economia solidária e apresentações de música e teatro ao centro do Dique.

O caderno da morte à noite e depois sessão fotos supertramp do litoral sul bahiano. As noites que seguiam se tornaram memoráveis pela maneira que se repetiam. Fazer coisas prazerosas repetidas vezes faz a mesma coisa nunca ser igual a qualquer outra coisa. É tipo beijar a namorada todas as manhãs, surfar no Cristovão ou tomar um açaí da toca. E íamos ao Gil comer abará e acarajé, depois na Grooves a nossa companhia eram os morto-vivos no televisor. E sempre se quer mais.

Mais noites de sangue e zumbis na tela de vidro e as estórias de Astromar encorpam depois de um diálogo lunático com o João Lee. Surge Nagev, o garoto que não come bicho e o Charlie Brown da Favela ganha novo enredo.

Ingrid permanece em seu “Tratamento Ludovico”.

Kátia, Carol, Ingrid, Túlio, Kirtana e eu seguimos rumo a Praia da Barra. Apostamos todas as fichas nos saltos ornamentais e caminhamos pelas calçadas quebradas em quilômetros de distância e para a grande premiação de nossa intuição cigana, o trampolim estáva sendo golpeado com força severa pelas ondas. Eu Nunca havia visto tanta água naquele lugar e de tão ancioso apressei o passo e não quis conversa, no ritmo que corri saltei com a face naquela água que de tão límpida se podia contar a quantidade de grãos de areia que era contido em seu fundo. Então se podia ouvir: "Voltei por que te amo barra!", "Poder de Todos os Bichos", "Saí dos Barris", "Mossoró" e diversos gritos de guerra que anunciavam os saltos mais empenados. Nadamos até alguns barcos que se encontravam ancorados perto a costa e não precisávamos de muita coisa naquele momento. Diversão em suas últimas consequências e não havia preço para aquilo. Vassoura chega, conversa, não se molha e vai embora, e logo João Lee chega e nos mostra o que é uma Folha seca. As meninas nadavam serenas próximas a escadaria do trampolim e não descansei cinco minutos e voltei a enfiar a cabeça naquela imensidão azul, afinal de contas o João precisava de companhia no ar. Lembra quando falei de coisas que se repetem e precisam ser repetidas para sempre? Mergulhar no trampolim da barra é uma delas. E não precisa parar nunca.

Depois peregrinamos todos juntos na caminhada de volta aos Barrís e o sol estava se despedindo de nós.

As luzes do centro de Salvador parecem ser todas daquelas amareladas que iluminam menos e consomem mais energia, as paredes descascadas das antigas construções cooperam com a ambientação de sombras que aquela noite oferece. Aqui eu sinto como se a noite fosse mais escura do que nos outros lugares que já passei.

Essas luzes soteropolitanas percorrem a janela direita do ônibus. Ônibus que me leva com Túlio à sua residência. Ludmila não é a cachorra mais simpática. Agradável companhia e ficamos com Dub Trio, Yann Tiersen, Alberto Caieiro e desenhamos no dia de criação de Alvinho, bonzinho. O garoto que vira lobisomem para se vingar do espertalhão que lhe rouba a marenda.

Um outro dia na casa de Túlio e mais desenhos, dub, rock e encontros cibernéticos com a gata ou com a gata cibernética. Muitas frutas e uma Ludmila ciumenta que não largava nosso pé.

A garota Ingrid havia saído de seu “Tratamento Ludovico” e conheceu outros bairros de Salvador e também a família de Kátia e Fofinho. Ingrid recebeu convite para conhecer o sítio da mãe de Fofinho e almoçou com a fofa family.

O Veio e a magia do caos, a Veia e sua guloseima simpática, Kirtana e suas perguntas naqueles últimos momentos na cidade cheia de ritmo. Sair de Salvador seria mais difícil se não tivéssemos na cabeça todo o projeto de ali voltar e passar mais dias com aquela família de malandros com muito calor e vida para repartir. Carol nos auxilia na retrospectiva. Então Ingrid e eu olhamos para os habitantes da casa Grooves e dissemos um “até já, já”. Os olhos fecharam-se mais cedo dessa vez, sem zumbis, mas com muitas piadas e humor sacana com Fofinho e Joãozinho.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Voltei por que te amo Barra!

Salvador – Bahia
Sexta-feira, 06 de março e sábado, 07 de março
34° e 35° | Dia
Cinco da manhã, um ônibus de assentos coletivos nos leva para longe do centro de Aracaju e de nossos amigos e beira da Br-101 estacionamos por pouco mais de uma hora de mordiscadas em rosquinhas de banana com canela. Sete e quarenta e oito foi a hora exata que o programador de sistemas de dados de agências bancárias do estado da Bahia e Sergipe nos capturou e levou rumo a terra dos orixás.
No Terminal da Lapa o Túlio nos esperava e aguardávamos dias muito brilhantes. Almoço na Lú, açaí no Gil, suco de aipim com laranja e axé na agitadíssima primeira noite na Bahia.

Em Salvador a hora de despertar era mais rigorosa do que em Aracaju, mas ainda assim dormíamos o suficiente e todas as manhãs ao acordar, descíamos uma ladeira enorme até a casa do Veio, Veia e Kirtana, onde presenciávamos as feituras da alimentação produzida pela Cooperativa Rango Vegan e recebíamos brilhantes dicas culinárias. Foram dias de gastronomia em ascensão.

Fim de tarde e caminhada deliciosa sobe em beco e desce em beco saindo de Barris, cruzando o centro soteropolitano e lá do alto nossa visão podia tocar uma linda Bahia, ilhas e um mar sem fim. À medida que nos distanciávamos da visão por estarmos descendo uma ladeira eu podia sentir aquela maresia me rasgar com mais força. Em pleno sábado não poderíamos conseguir imaginar nada a não ser aquela praia lotada. Muitos negros e negras lindas correndo em todas as direções com bolas de futebol, raquetes de frescobol, gringos a procura de sol, gringos a procura de sexo e o Farol da Barra nos acenava dizendo: Lembro de vocês. O mar não estava alto o bastante para mergulharmos então mantivemos distância do trampolim. Tocar a água do mar com a boca não foi a melhor das idéias, pois os ferimentos que iam de uma extremidade a outra de sua parte superior ainda estavam abertos e o ardor foi tipo pimenta nos olhos. Mas o sorriso não saía o rosto, eu estava na Bahia. O meu amigo da Gangue do mergulho de janeiro de 2008 estava lá e nos cumprimentamos como naquelas tardes de verão. Kirtana, Túlio e eu retornamos para os Barris por entre vias escuras e ladeiras íngremes, munidos de acarajé e cocada e o samurai João agora estava em nossa companhia.

Ininterruptamente, Ingrid em seu “Tratamendo Ludovico” ingeria películas como galinhas ingerem minhocas. A tarde inteira submetida a imagens de sexo e violência para depois servir de experimento para as clínicas psiquiátricas espaciais.

Nossos ouvidos sempre bem servidos. Fomos a um ensaio da Lumpen seguido de Mais Treta, música baiana travestido em guitarras com ruídos e gritos agoniados.

E na Grooves noites criativas de comédia e criaturas de outros planetas impressos no papel através de canetinhas e cabeças doentes. Carol, Joãozinho, Túlio, Fofinho, Kátia, Ingrid e eu todos encostados na espuma. E então dormia o passarinho.

domingo, 1 de março de 2009

Como começar bem e mal um mês

Aracaju – Sergipe
Domingo, 01 de março a sexta-feira, 06 de março
29° ao 34° | Dia
Primeiro dia do mês de março e ele começa com sorveteria e rock n’ roll. Qualquer mês que tenha início com festa está fadado ao sucesso. De frente ao mar em um pub muito bem ornamentado de um argetino pero locón essa festa é implementada com muito rock n’ roll, uma garotinha frenética gritando: - EU QUERO É ROCK! Sem parar, eu disse sem parar. A última noite do primeiro encontro nos palcos dos Renegades of Punk com o Mahatma Gangue com direito a gangue das Jezebels e suas guitarras distorcidas. Breno, o cara moreno registrou esse momento em áudio e vídeo e em breve disponibilizaremos também.

O segundo dia do mês de março foi o mais doloroso de todos os dias nessa aventura. Um jacaré pego do jeito errado na onda errada me enfiou a face com violência na densa areia do fundo do mar Aruanense. Slot se tornou um Brad Pitt perto de minha face desfigurada. Muito sangue no mar, minha boca ficou maior do que Magic Johnson, meu olho esquerdo de tão inchado fechou por completo e parte do meu rosto deixou a carne na areia. Então foram dois dias intensos de compressas de gelo na face até a figura amenizar um pouco. Rua da Cultura cancelada pelo enferno, Ubiratan se despede e sobe no avião.

Fomos recebidos pela família dançarina de Aquino e Yuri, muito samba-reggae, axé old school e vídeo com a gravação do Dead Kennedys. Aquino nos serve um jantar categórico em uma mesa que se transformou em pista de dança.

Sentíamos que chegava o fim das tardes sergipanas e o coração apertava. Sinhá Boca, Bobó do Breno, gravação Renegades of Gangue, banho de praia e chuva ao amanhecer e muitos mimos de Dani e Ivo fizeram voltar a Br-101 uma missão muito complicada, mas essa era a proposta e precisávamos cumprir. Falamos mais sobre extraterrestres, devoramos mais películas e enfim outra vez de pé às 5 da manhã com o auxílio do galo eletrônico.

E aqui estamos, Br-101 com destino a Salvador.